Tenho notado várias vezes que muitos casais mal se tocam em público. Mantém uma distância segura, como se já estivessem cansados do contato físico. Mas temos exemplos vários, de velhinhos românticos, adolescentes sonhadores, que fazem questão de andar de mãos dadas. Em um apoio mútuo, as mãos entrelaçadas fazem do casal um só ser, um completar, um querer.
E esse compromisso explícito de entregar a sua mão ao outro pode parecer um gesto simples, mas para mim significa tudo. Dar a mão mostra que você aceita ser guiada, que confia, que não tem medo nem vergonha de se mostrar para o mundo como sendo de outro alguém. As mãos dadas selam mais um compromisso do que uma aliança. Quantos casais ostentam alianças lindas, imensas, e não se encostam? Andam de cara amarrada, como por obrigação. Enquanto isso, casais de mão dadas são entregues, felizes, companheiros.
Existe uma confiança sutil na mão que acalenta outra. Ela se torna disponível, firme, atenta. Pode nos levantar em um tropeço, aparar na queda, alertar para um perigo, confortar no desalento. A mão dada é doação. Corpos podem se entregar, beijos podem ser dados, juras ditas, mas se as mãos não se unem nos passos da vida, não existe cumplicidade.
Tenho uma grande resistência em andar de mãos dadas sem ter um sentimento maior pelo outro. Acredito que ela é como um consentimento, um sim interno, um aceite. Elas têm o poder do sorriso no rosto, da esperança do depois, do amor correspondido. Guardam uma intimidade ainda maior do que corpos desnudos, beijos longos, lascivos olhares.
As mãos que se encontram são como promessas mudas. Elas acompanham as caminhadas, são o carinho do durante, o beijo esperado no depois. São simples na sua grandeza e absolutas no gestual. Elas podem ser o abraço na hora do desencanto e o arrepio necessário para o amor.
Me dê a sua mão…Vamos?