Professora de Psicologia do Centro Universitário Facens ressalta a importância de falar sobre o tema para salvar vidas
Abordar o tema suicídio é delicado, mas necessário. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo — são mais de 800 mil pessoas ao ano. O ato de tirar a própria vida pode ser resultado de uma soma de situações difíceis vividas ao longo da vida e que levam a pessoa a um sofrimento emocional intenso e contínuo.
A professora de Psicologia do Centro Universitário Facens e voluntária do Centro de Valorização da Vida (CVV), Sandra Arca, ressalta a importância de falar sobre o assunto. “É uma questão complexa, não existe uma explicação única e vai depender de cada pessoa. Mas, quebrar esse tabu e falar abertamente sobre o tema pode ajudar a salvar vidas. Assim, as pessoas que estiverem passando por situações difíceis podem pedir auxílio para entes próximos ou ajuda profissional”, diz a prof. de Psicologia.
Sandra explica que o comportamento suicida se divide em três fases: pensamento no ato, tentativas e suicídio consumado. “A pessoa que pensa em tirar a própria vida acredita que não existem mais soluções para seus problemas e, muitas vezes, apresenta mudanças no seu comportamento habitual, no humor e na sua rotina. Esses sinais, muitas vezes, passam despercebidos pois a pessoa pode se esforçar para demonstrar que está tudo bem”, comenta.
Para conscientizar e prevenir, é necessário entender e, sobretudo, saber como lidar com o fato. “Muitos fatores podem agravar o risco de suicídio, como bullying, traumas emocionais, depressão, doenças crônicas, uso de drogas ou álcool, crises existenciais, sentimentos de desamparo e desesperança. Se você observar alguém em dificuldades, aproxime-se e ofereça ajuda, se for com você, procure conversar com alguém que você confie ou um profissional da saúde mental”, explica a psicóloga, que traz alguns passos para identificar quando a ajuda é necessária. Confira:
Desmotivação e desinteresse por atividades que antes você gostava
Perceber que está desmotivado e sem vontade de fazer tarefas e atividades que sempre gostou pode ser um sinal de alerta. Esse comportamento pode acontecer no trabalho, em casa, na presença de familiares e amigos.
Dificuldade nos relacionamentos afetivos
As relações com outras pessoas também podem ficar abaladas. Problemas familiares, como brigas e discussões, achar que não tem espaço e privacidade dentro de casa, sentir que não consegue expressar suas emoções com familiares e amigos, não se sentir amado ou compreendido em um relacionamento amoroso, podem ser sinais de angústia e que precisam ser avaliados.
Pensamento fixo persistente em uma situação ocorrida como perdas, brigas, traumas
Passar por traumas, perdas ou situações desconfortáveis com outras pessoas pode fazer com que fique revivendo tal acontecimento, o que pode causar angústia profunda e, associado a outros fatores de risco, levar ao ato suicida.
Sentimentos depressivos, ansiosos e irritabilidade intensos
Sinais de depressão, ansiedade e irritabilidade profundos são um importante sinal de alerta e podem prejudicar a rotina do indivíduo. É preciso entender o motivo desses sentimentos e tratá-los para que não causem um mal maior.
Rendimento baixo no trabalho e/ou no estudo
A falta de concentração ou baixa produtividade nas atividades diárias, seja no trabalho, estudos ou em casa, prejudicando a autoestima e capacidade de realização, precisa ser avaliada. Quando em estado muito crítico, podem ser fatores de risco para o comportamento suicida.
Sandra ressalta ainda que, para praticar o autocuidado é preciso perceber quando algo não está bem e buscar ajuda, seja com alguém próximo ou um profissional. “Aprender a se cuidar e pedir ajuda faz parte do processo. É importante se conectar com a vida, com pessoas, lugares, atividades, sonhos e, principalmente, a si mesmo, para fortalecer sua autoestima e a capacidade de lidar com os desafios da vida. Sendo necessário, busque ajuda de psicólogos e psiquiatras”, orienta.