A primeira edição da Festa da Luz acontece nesta semana e terá 20 obras de artistas de todas as regiões do país reunidas em um circuito de arte numa das regiões mais queridas da cidade

Entre os dias 25 e 31 de outubro, o baixo centro de Beagá será tomado por ondas eletromagnéticas coloridas. Seria um sonho? Entrelaçando arte urbana, tecnologia e arquitetura, a primeira edição da Festa da Luz de Belo Horizonte vai transformar espaços da cidade carregados de memória e de afeto em um circuito iluminado de arte pública.

A programação começa na segunda-feira com oficinas de criação e projeção. De quinta a domingo, instalações e projetos de iluminação cênica trazem cor e poesia para locais como o Viaduto Santa Tereza e a escadaria da Estação Central do Metrô.

Sexta e sábado, das 19h às 22h, edifícios tradicionais da região – Itatiaia, Sulacap/Sulamérica e prédios da Aarão Reis – vão receber obras de video mapping, criadas para o festival, em suas fachadas. Ainda no sábado, o coletivo Projetemos chega junto para uma invasão luminosa em prédios da região.

A Festa da Luz foi idealizada pela Associação Cultural Casinha e pela Híbrido Comunicação e Cultura e é uma coprodução das duas com a Pública, produtora do CURA – Circuito Urbano de Arte, que acontece  no mesmo período. O Sula, novo restaurante, bar e espaço cultural, comandado pela Híbrido e localizado no Edifício Sulamérica, será o espaço oficial da Festa da Luz.

“Em 2013, a Casinha promoveu uma oficina de videomapping, ministrada pelo artista Valentino Kmentt e sediada na Híbrido. Ali foi plantada uma semente. Começamos a pesquisar os ligth festivals pelo mundo e a conversar sobre a possibilidade de criar um festival nesse formato, mesclando arte, tecnologia, patrimônio e ocupação do espaço público. No ano passado, a Pública chegou pra somar forças com todo seu conhecimento em arte pública. E agora finalmente vamos materializar esse sonho antigo”, comemora Matheus Rocha, integrante da Associação Cultural Casinha.

“Janaína Macruz e eu chegamos para somar com a nossa experiência em produção de obras de arte pública e também na direção artística do festival. Concebemos um festival multimídia com obras site specific como é o caso da instalação do Goma que vai iluminar a fachada histórica da Serraria Souza Pinto. A ideia é proporcionar uma experiência artística única para o público belo horizontino,” conta Juliana Flores, curadora e sócia fundadora da Pública Agência de Arte.

A primeira edição da Festa da Luz tem patrocínio da Cemig e da Becks por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.

Circuito

Por onde começar o circuito? Fecha os olhos e vem. O tradicional edifício Itatiaia, ali na rua da Bahia, em frente à Praça da Estação, vai receber trabalhos de video mapping de cinco artistas: Ani Haze (BA), Bah (MG), Notívago (RJ), Bianca Turner (SP) e Carol Santana (RJ). Projeções de arte em luz num diálogo poético com as formas e histórias da arquitetura desta construção que traz consigo 70 anos de lembranças coletivas.

Agora, siga a luz e vá até a estação de metrô. O icônico túnel, já tomado por intervenções artísticas em suas paredes, é como um portal onírico. Suba as escadas, iluminadas e coloridas, em direção à Sapucaí. Vire à direita e observe o edifício Chagas Dória, na esquina: há uma instalação de laser criada pelo artista Denilson Baniwa (AM) e pelo VJ Homem Gaiola (MG). Pra onde será que eles vão te levar?

Do outra lado da rua, a escrevivência de Conceição Evaristo é luz, sombra e poesia; num letreiro em neon projetado pelas arquitetas Laila Gonçalves e Andréia Barbosa Gomes do escritório Duas Ideias. No meio de tudo isso, há várias surpresas e ações, como a ação de ocupação do hipercentro do Projetemos.

Caminhando, você vê o Viaduto Santa Tereza em festa: aqui é onde a magia acontece. A pálida luz branca se liberta nas cores do arco-íris; a instalação é feita de tubos de led e foi criada pelo VJ 1mpar (MG) em parceria com a produtora Tassia Junqueira.

À direita temos a rua Aarão Reis, espaço de tantos encontros, carnavais, ocupações. Os prédios, logo acima do Teatro Espanca!, recebem as projeções mapeadas de Video Makino (MG), Grazzi (DF), Le Pantoja (RJ), Valentino (CE) e biarritzzz (PE). Três horas de luzes dançando em uma experiência psicodélica múltipla.

À esquerda, na Serraria Souza Pinto, há uma instalação neon âmbar com a tag do artista Goma. Pixo é arte? E quem é que define o que é ou não é arte? Já parou pra pensar? Que a gente reflita e desloque o pensamento!

E tem mais. As fachadas dos edifícios Sulacap/Sulamérica vão se transformar com obras de video mapping de AlineX (MG), Coletivo Coletores (SP), Keila Sankofa (AM), Mary Gatis (PE) e Laura Campestrini (DF): as questões e as lutas coletivas, a cidade e nossas inquietações serão iluminadas.

Ainda ali, no vão entre as duas construções, teremos a instalação Poéticas Leituras dos arquitetes Bel e João Diniz, filha e pai. Esta obra, assim como as instalações do Goma e o de Conceição Evaristo, ficará exposta por mais 6 meses, um legado da Festa da Luz para a cidade.

Coletiva

Festa da Luz vai acender nossa imaginação para outros futuros possíveis. Depois de quase 2 anos de isolamento social, no momento em que estamos voltando a nos encontrar, aos poucos e com cuidados, o convite é para experimentar; descobrir naquilo que é cotidiano a potência de transmutar novamente em sonhos.

As ruas ainda estão vivas, há silêncio e música, luz e sombra. E nós somos tudo que há entre. O convite é para que deixemos a luz entrar nos vazios deixados pela saudade, pelo desamparo, pelos desencontros. Nos vazios que fazem parte do que nós somos. Que se abram caminhos neste circuito iluminado: encontro da nossa história com a imaginação do futuro – um presente em forma de luz e festa.

 

Serviço:

FESTA DA LUZ DE BELO HORIZONTE

Data: 25 a 31 de outubro

Programação gratuita

Outras informações: www.instagram.com/festadaluz.art

 

INSTALAÇÕES

28, 29, 30 e 31/10 (qui. à dom.) – a noite toda

Instalação Poéticas Leituras – Bel e João Diniz – Sula (Av. Afonso Pena, 955)

Instalação a Laser Banda Gira – Denilson Baniwa e Homem Gaiola – Edifício Chagas Dória (Rua Sapucaí, 571)

Somewhere – VJ1mpar – Arcos do Viaduto Santa Tereza

Instalação GOMA – placa da Serraria Souza Pinto (Av. Assis Chateaubriand, 889)

Letreiro com poesia da Conceição Evaristo – na esquina de rua Sapucaí e Assis Chateaubriand

Iluminação cênica: escadaria do SULA (Sulacap/Sulamérica), rua Sapucaí, escada e túnel da Estação Central do Metrô

 

VIDEO MAPPING

29 e 30/10 (sexta e sábado) – 19h às 22h

Ani Haze (BA), Bah (MG), Notívago (RJ), Bianca Turner (SP) e Carol Santana (RJ) – Edifício Itatiaia (R. da Bahia, 187)

Video Makino (MG), Grazzi (DF), Lê Pantoja (RJ), Valentino Kmentt (CE) e biarritzzz (PE) – Baixo Centro (R. Aarão Reis, 542)

AlineX (MG), Coletivo Coletores (SP), Keila Sankofa (AM), Mary Gatis (PE) e Laura Campestrini (DF) – SULA (Edifício Sulamérica/Sulacap – Av. Afonso Pena, 955)

 

29 e 30/10 (sexta e sábado) – 19h às 22h

Projetemos: ocupação luminosa no hipercentro

28, 29 e 30/10 (quinta, sexta e sábado) – 19h à 1h

Bar oficial: Sula  – Edifício Sulamérica/Sulacap – Av. Afonso Pena, 955

 

Quinta

DJ Luiz Valente

DJ Bebela Dias

Sexta

DJ João Nogueira

DJ Shigara

Sábado

DJ Yuga

DJ Kingdom