Time de especialistas responde as principais questões que envolvem os cuidados com a pele e com o corpo durante esse período de reclusão causado pela pandemia do Coronavírus.
Devido à pandemia do Coronavírus, estamos passando por um período de isolamento social, o que faz com que vários de nossos hábitos rotineiros sofram alterações, levando, consequentemente, ao surgimento de uma série de dúvidas. Por exemplo, os aficionados por cuidados de beleza passam a ter questionamento sobre como realizar sua rotina diária. Ainda há necessidade de aplicar protetor solar? Os cabelos devem ser mantidos presos? Os cosméticos podem ser contaminados? Para te ajudar nesse momento, reunimos um time de especialistas para responder essas e outras questões. Confira:
Preciso usar fotoprotetor mesmo dentro de casa?
Sim! Mesmo com as recomendações de isolamento social por conta do Coronavírus, o uso do fotoprotetor dentro de casa é indispensável. “Isso por que, além da radiação UVA atravessar vidros e janelas, a luz visível, emitida por dispositivos eletrônicos, também pode causar danos à pele”, explica a Dra. Paola Pomerantzeff, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Então, aplique diariamente um protetor solar que deve ter FPS 30, no mínimo, e ser reaplicado a cada duas horas.
Em casa passo mais tempo no celular e computador.
Como evitar o Tech Neck?
O uso constante de dispositivos eletrônicos pode favorecer o processo de envelhecimento do pescoço, levando ao surgimento de rugas na região. Esse problema é conhecido como tech neck e ocorre porque os movimentos musculares que realizamos com o pescoço para checar o celular e outros aparelhos produzem pequenas linhas que, com o passar do tempo, vão se acentuando, adquirindo o status de rugas e sulcos marcados. Mas a boa notícia é que é sim possível prevenir o problema. “Uma dica importante é, mesmo quando mexer nos dispositivos, manter a cabeça em um ângulo de 0 grau e a postura alinhada. O celular deve ser erguido na direção dos olhos”, recomenda a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia. “Além disso, lembre-se de estender os cuidados que você toma com o rosto para o pescoço e colo, utilizando sabonetes neutros, loções tônicas e séruns tensores formulados com ativos como hyaxel, ácido hialurônico e vitamina c.”
Como realizar a rotina skincare se não devemos tocar a face?
Simplesmente lave bem suas mãos antes. “A higienização com água e sabão, quando realizada corretamente, elimina de forma eficaz todos os tipos de germes e produtos químicos nas mãos, evitando que você fique doente. Mas, para garantir que suas mãos estejam realmente limpas, lembre-se de realizar o processo por, no mínimo, 20 segundos”, recomenda a dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
O estresse desse período é prejudicial à pele?
Sim, pois o estresse aumenta a produção de radicais livres. “Os radicais livres são as moléculas responsáveis pela oxidação e envelhecimento precoce das células, figurando entre os principais causadores de rugas e linhas de expressão”, afirma o Dr. Mário Farinazzo, cirurgião plástico membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e médico voluntário no atendimento a casos suspeitos de Covid-19 no Hospital São Paulo. E não é apenas a pele que sofre com estresse, pois os hormônios liberados nesse processo também interferem no funcionamento do sistema imunológico e favorecem o acúmulo de gordura e celulite. Por isso, desestresse. “Tente praticar meditação para esvaziar sua mente. Para quem está trabalhando em casa, vale a pena parar por 15 minutos a cada hora trabalhada para respirar, tomar um café ou simplesmente fechar os olhos”, afirma a Dra. Aline Lamaita, angiologista e membro do American College of Lifestyle Medicine. E, após acabar de trabalhar, desligue seus neurônios. “Cozinhe, faça exercícios físicos, brinque com seu filho, leia um bom livro, cuide da pele, qualquer coisa que o faça desconectar”, acrescenta a Dra. Beatriz Lassance, cirurgiã plástica e membro do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.
Preciso manter os cabelos presos todo o tempo?
De acordo com o dermatologista Dr. Jardis Volpe, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia, a orientação de andar com os cabelos presos é voltada para os médicos, que, geralmente, colocam a mão no cabelo e, em seguida, na máscara. Isso não quer dizer, porém, que você não possa tomar alguns cuidados extras com relação aos cabelos para evitar o contágio pelo Coronavírus. “Vale a pena manter os fios presos caso haja a necessidade de sair de casa, mas lembre-se de higienizá-los quando voltar. Além disso, preste muita atenção para não tocar nos fios caso suas mãos não estejam devidamente limpas”, diz a Dra. Paola Pomerantzeff.
Minhas mãos estão ressecadas por causa do álcool em gel. É normal? O que fazer?
Devido à alta concentração de álcool em sua fórmula, o álcool em gel pode sim favorecer o ressecamento das mãos, principalmente porque a pele dessa região é naturalmente mais fina e possui menos glândulas sebáceas. Por isso, a Dra. Kédima Nassif recomenda que, após o uso do álcool em gel, você aplique um cosmético específico para as mãos, que deve ser formulado com ativos de alta propriedade hidratante, como ureia e ácido hialurônico. “O mesmo vale para a higienização das mãos com água e sabão, já que quando realizada com frequência, o que é necessário nesse momento, também pode favorecer o ressecamento da região. Então, além de utilizar um hidratante para as mãos após lavar a região, vale a pena apostar no uso de sabonetes menos agressivos, dando preferência a fórmulas mais hidratantes”, completa.
Posso remover minhas cutículas em casa?
Não! Essa prática facilita a entrada de microrganismos que causam infecções, incluindo o Coronavírus. “Então, caso as cutículas te incomodem, o ideal é utilizar produtos que proporcionem hidratação e emoliência para manter as cutículas bonitas sem precisar retirá-las”, explica Luisa Saldanha, farmacêutica e diretora científica da Pharmapele.
Cosméticos também podem ser contaminados pelo Coronavírus?
As informações sobre a persistência do Coronavírus em cosméticos ainda são escassas. No geral, vírus não duram fora do organismo por um longo período de tempo, pois precisam de uma célula hospedeira para se replicarem. Mas estudos relatam que, dependendo da superfície, o Coronavírus pode permanecer em atividade entre duas horas e três dias. Por isso, vale a pena tomar alguns cuidados para evitar a contaminação dos produtos de beleza. Por exemplo, caso você contraia o coronavírus, evite o uso de qualquer produto, bem como seu compartilhamento com os outros. “Além disso, higienize com frequência as embalagens externas dos cosméticos, o que pode ser feito com álcool 70%, isopropílico ou detergente. Já o produto em si, uma vez contaminado, não deve ser tocado por alguns dias até que se torne seguro novamente, não havendo necessidade de jogá-lo fora. Isso se aplica principalmente aos cremes que, por terem menos álcool, são mais suscetíveis à contaminação. Já produtos com alto teor alcoólico, como tônicos, tornam o vírus inativo”, afirma a Dra. Paola Pomerantzeff.
Estou tomando mais banhos para evitar contágio pelo vírus. Tem algum problema?
Sim. Primeiro é importante ressaltar que não há necessidade de aumentar a quantidade de banhos durante a pandemia do Coronavírus. “Para evitar o contágio basta seguir as recomendações de segurança, higienizando as mãos com frequência, permanecendo em isolamento social, evitando o compartilhamento de utensílios pessoais e cobrindo a boca e o nariz ao tossir ou espirrar”, explica o Dr. Paolo Rubez, cirurgião plástico e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Dito isso, tomar banhos em excesso pode ser, na verdade, prejudicial, principalmente agora no frio, quando tomamos banhos mais quentes. “A água quente pode favorecer o ressecamento da pele, além de estimular a produção de oleosidade no couro cabeludo, causando o aparecimento de caspa e descamação”, alerta a Dra. Kédima Nassif.
Por fim, caso você ainda tenha alguma dúvida, o ideal é que você consulte seu médico. E não há nem mesmo necessidade de sair de casa. No momento, grande parte dos médicos está realizando atendimentos on-line. “A telemedicina é uma maneira de dar assistência aos pacientes nesse período. Através dela podemos exercer teleorientação, que permite a orientação e o encaminhamento de pacientes em isolamento à distância; telemonitoramento, que possibilita que sejam monitorados de longe parâmetros de saúde e/ou doença; e teleinterconsulta, que permite a troca de informações e opiniões exclusivamente entre médicos para auxílio diagnóstico ou terapêutico”, explica a nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), que já está atendendo pacientes virtualmente. “O que propomos são orientações gerais, recomendações de direcionamento ao hospital, solicitação de exames, emissão de atestados, troca de receitas, terapêutica simples e medidas de suporte em um momento que os pacientes estão com o acesso restrito aos serviços de saúde. Então, converse com seu médico”, finaliza a Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira, ginecologista membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).