Há muitos anos atrás, ainda na catequese, ouvi de um sábio padre a seguinte constatação:

 – Do que adianta você fazer promessa de não comer chocolate – ou parar de beber, para os adultos – durante a quaresma se você não usar esse dinheiro não gasto em algo realmente útil para o próximo?

Isso sempre mexeu comigo e me perguntava mesmo a quem estamos fazendo bem deixando de comer chocolate ou enchendo a cara. A nós mesmos! Ok, é um sacrifício. Mas sem nenhum valor.

Mulheres com axilas peludas em sinal de protesto

Colocando um pouco essa lição nos dias de hoje, tenho me assustado com a quantidade de famosas que, por mais um pouco de mídia, têm deixado os pelos do corpo crescer. Aparecem em capas de revista, tecem longas entrevistas em prol de uma “liberdade feminina que se viu abalada por tantos anos de machismo absurdo e pelas empresas de beleza que impuseram a nós a gillette e as várias maneiras de se depilar.”

Sinceramente, e daí? O que realmente vai mudar na vida de uma mulher que sofreu abuso se uma famosa x ou y aparece com axilas ou virilhas cabeludas? Quantas mulheres vão deixar de apanhar se as bailarinas do Faustão resolverem deixar as pernas como na era das cavernas? Nada disso se torna uma ação concreta e realmente não faz a menor diferença na vida de ninguém.

Ok, é um ato simbólico, uma contestação, blá blá blá…Mas, de novo a pergunta: E daí? O corpo de cada um de nós e algo tão particular como a escolha sexual ou religiosa. Pouco me importa se alguém é homossexual ou evangélico. Me norteio pelo caráter e posso afirmar que não é sendo hétero ou católico fervoroso que esse valor será garantido. Às vezes, muito pelo contrário.

E é exatamente por ser algo tão particular que acredito que ninguém precisa saber se você se depila ou não. Eu gosto de estar toda lisinha, me sinto bem. Vários homens  também já aderiram a depilação – em meio a certa polêmica – total ou parcial. Você não? Ok. Bola pra frente. A sua opção deverá ser compartilhada com aqueles que se interessem em ver ou sentir essa novidade. Mas, se você quiser me ajudar a levantar outras mulheres, pode me contar! E contar comigo. Sempre.