Já me casei. Tive meus filhos. Tenho milhões de amigos. E realmente não sei se preciso de muito mais para ser feliz. Mas na semana passada recebi, por whatsapp, de uma noivinha linda, essa imagem:
Olhei, olhei de novo e entendi que era para colocar meu nome na lista das que querem desencalhar. Lista longa, me pareceu. Já não gostei do nome: Encalhada é um tanto pejorativo. Parece que a pessoa parou em algum momento da vida e de lá nunca mais saiu. Como um navio em um ilha deserta ou como se a pessoa tivesse uma doença contagiosa e ninguém a quisesse. E a fita surge como um bálsamo de esperança, com o nome de todas essas mulheres aflitas por um casamento. Algumas ainda tem o sonho do véu, do vestido branco, do sim emocionado no altar, como se todos seus problemas se diluíssem na chuva de arroz e lágrimas emocionadas dos parentes.
Nada contra, já tive minha dose de romantismo. Até casei na igreja! Claro que meu filho mais velho foi pajem, para sair um pouco do convencional. Tentei casar de vestido vermelho, mas não deixaram. E não deu certo por vários fatores. Talvez um deles seja eu. Antes do meu casamento, um grande amigo me disse:
– Você não nasceu pra isso.
Fiquei indignada, como toda pessoa apaixonada e cega deve se indignar:
– Ele é o homem da minha vida! Esbravejei. Pelo menos naquele momento era.
E depois de uma separação sofrida, mais um filho lindo para criar, me apaixonei e sofri mais um tanto. Não acredito que só exista um amor, um momento mágico, um parceiro para sempre. Ok, temos vários exemplos de pessoas que estão juntas há mais de sei lá quantos anos e se dizem felizes. Será? Ou será mesmo por falta de opção, acomodação ou puro cinismo, como já dizia Luis Fernando Veríssimo?
Não deixei de acredita no amor, longe disso. Adoro me apaixonar, pensar em frases melosas, sou dessas que se entrega mesmo. Sou adepta da máxima de Vinícius:
“Que seja eterno enquanto dure. ”
Pode ser um ano ou um dia, quem sabe? E aí, saí um pouco do convencional. Gosto da minha liberdade, do meu jeito de fazer as coisas, de estar com o outro quando dá vontade. Dizem que somos uma geração de egoístas, fazer o quê? Mas preciso das tais amarras soltas que garantem tesão e liberdade sempre. E evitam confrontos desnecessários em épocas de TPM – quase menopausa – e nos dias que o time dele perde.
Quer dizer, nem sempre. Tesão acaba e liberdade dá coceira. Sou perita em me sentir presa e começar a sumir. Pelo menos na adolescência era assim. Hoje procuro alguém que saiba medir a sua vontade com a minha, não tenha ciúmes da minha vida e esteja por perto quando a fome do seu beijo apertar. Garanto que é melhor.
E mesmo não tendo ninguém “oficial” muito menos ostentar o tal “relacionamento sério” no Face, não me considero encalhada. No máximo, à procura. Nada de desespero, com certos critérios e muito bom senso. Meu instinto não costuma falhar.
E aí, fui obrigada a agradecer o convite de ter meu nome na tal fita da linda noivinha:
– Tô feliz assim. Não preciso de ajuda. E nem pense em jogar o buquê na minha direção!
Ela riu – não sei se por pena ou graça mesmo – reforçou o convite e se despediu, toda feliz no papel de noiva. Tenho certeza que ela vai fazer meu grande amigo muito feliz e desejo, do fundo do meu coração, que eles sejam absurdamente abençoados em cada momento de sua vida em comum.
E eu? Continu0 por aí…