A partir desse mês teremos uma coluna sobre a França, sua língua , moda e cultura. Chique ou não é? Desde que a minha professora de francês se mudou para Paris , estamos pensando em uma conexão entre a cidade luz – Uh lá lá – e a nossa BH. E em uma conversa de whatsapp, surgiu o nome pra lá de sugestivo que vai pautar as aventuras da nossa coleguinha pão de queijo em Paris. Dicas sobre moda, gastronomia, passeios e points com muito conteúdo e fotos do “crème de la crème.” E para começar, que tal saber um pouco mais sobre essa sortuda?

o-torre-eiffel-facebook1– Lu, como começou a sua paixão pela França?

Há muitos e muitos anos atrás…Eu tinha apenas 14 aninhos! Influenciada pela minha mãe que sugeriu iniciar um curso de francês no Cenex/UFMG. Foi amor à primeira aula, mas dois meses depois o curso foi suspenso, não houve reembolso ou qualquer satisfação, você pode imaginar o tamanho da minha decepção. Mas em um mês meus pais decidiram investir em aulas particulares e tive o prazer de aprender o idioma com a professora Lúcia Valente. Tivemos aulas ao longo de 5 anos e ela é minha referência profissional! Minhas aulas são muito parecidas com as que eu tive com ela!!

– A opção por dar aula: foi uma descoberta ou sempre foi um sonho?

Foi uma descoberta! A minha primeira opção era Arquitetura. Mas a minha paixão pela língua e cultura francesa sempre foi muito forte assim como o medo de não estar em contato diariamente com o meu mundo francês. Por esta razão, no último minuto optei pelo curso de Letras da UFMG, entretanto, sempre me senti um pouco deslocada na FALE, cheguei a contestar essa escolha, até que no segundo período do curso eu comecei a trabalhar, e aí eu consegui recuperar motivação para concluir a graduação. Mas eu me descobri professora através da generosidade compartilhada por colegas professores de francês e de outros idiomas com os quais trabalhei em várias escolas de BH. No início da minha carreira, cheguei a trabalhar em 5 escolas diferentes ao mesmo tempo. Eram 5 filosofias, valores, equipes, materiais, propostas, público-alvo etc totalmente diferentes. Uma loucura e eu amava, foi o período em que eu mais aprendi! E embora tenha sido pesado, foi fundamental para minha formação. Não foi fácil, comecei como monitora, depois assistente de professor, mais tarde professora, em seguida coordenadora pedagógica e acabei fundando minha própria escola. Sou muito grata à Katia Carneiro pela acolhida e pelos ensinamentos, especialmente para quem está começando nessa área, uma pessoa fantástica, à Luziana Lanna pelas lições de empreendedorismo e aos vários colegas professores pelas trocas e reflexões didáticas.

– Como foram esses meses longe de casa?

Mas quem disse que estou longe de casa??? Tô mais do que em casa! Hahhaha… Brincadeiras à parte, mas tem uma verdade nisso. A decisão de vir para Paris reflete um balanço que fiz da minha vida e uma projeção do que eu ainda quero realizar. Mas tudo tem sua hora certa. Hoje tenho mais bagagem, segurança profissional e mesmo emocional. Não sou nem de longe a melhor profissional da minha área e muito menos uma aventureira, eu sei o meu valor e eu sei muito bem o que quero. E Paris me recebeu, me acolheu da melhor forma possível. Já estou dando aulas de francês e de português, desenvolvendo projetos educacionais internacionais numa escola de negócios, tenho uma proposta de trabalho para o segundo semestre de 2017…A sensação é de volta ao tempo…da época das 5 escolas…E isso para quem já está prestes à completar 36 anos, é uma delícia hahhaha! É revigorante, estou mais motivada que nunca! É claro que sempre existe uma confrontação cultural que se bem feita resulta em aprendizado! Então, diante disso tudo, o longe de casa passa a ser longe da família e amigos! Essa é a parte difícil, mas ainda bem que temos muitos aplicativos que ajudam a amenizar a saudade!

– O que ainda te surpreende em Paris?

O atrevimento da cidade…Paris é uma cidade arrebatadora! A estética, a arquitetura, a harmonia entre o passado e o presente, a história registrada nas ruas, o fluxo de gente, os rituais que acompanham as refeições, as discussões sobre tudo que é polêmico mas com bons argumentos e não falar só por falar, enfim a aura da cidade. Aqui tudo é cuidadosamente pensado mas realizado de um jeito que torna tudo tão natural como se sempre tivesse sido assim, essa característica francesa me mata…

lusLuciana Senna e Clara Lopes, ex aluna e grande amiga.

– Um passeio obrigatório:

Meu clichê favorito, a Dama de Ferro! A primeira vez que vi a Torre foi do avião há uns 12 anos atrás, o comandante antecipou que a veríamos e em 10 minutos pousaríamos, da minha janela eu a vi e meu coração fez um tum-tum muito forte!! E até hoje ele insiste nesse tum-tum que me arrepia!!! É o símbolo da cidade, do país e ela é linda! Sempre que eu testemunho alguém vendo-a pela primeira vez e se emocionando eu tenho vontade de chegar perto e falar: É, eu sei!!! Às vezes estou andando pelas ruas ou mesmo no metrô linha 6 que passa em frente à Torre e por sorte de estar na hora exata, ela começa a piscar, cintilar…É uma comoção: um mundo de gente que a está vendo pela primeira vez, todos admirados, os olhos brilhando, uns filmando, outros boquiabertos, as crianças pulando de alegria e eu lá discreta mas toda feliz de poder presenciar o espetáculo como um todo!

– A moda da parisiense, é tudo aquilo que a gente acha?

A moda é viva, e aqui todo movimento coexiste. A gente vê um pouco de tudo, afinal são várias influências étnicas. Mas a parisiense se destaca pela simplicidade e delicadeza, ela é naturalmente elegante e está sempre confortável. As cores não variam muito, as neutras  e outras mais fortes combinadas lindamente (preto, cinza, azul marinho, branco, marsala, mostarda, verde militar, bege, nude, marrom) às vezes com toque de estampas que são também discretas (listras, poás, xadrez). Elas tem muitas echarpes! A sensação do momento: jaqueta de couro preta, vestido ou calça justa e all star branco ou bota de cano curto! Os cabelos, devem ser práticos, como se usa muito lenço, a grande maioria está sempre de coque alto ou usa um corte Chanel. A franja é atemporal, a maioria, independente da idade, usa. Brinco, pérola, anéis variados…bolsas enormes para acomodar de tudo um pouco: 1 garrafa de 1 litro de água, almoço, frutas, carteira, celular, carregador, nécessaire de maquiagem, agenda, livro etc…Pessoalmente eu as acho mais simples do que nós mineiras, mas elas são mais seguras e isso se reflete na forma de portar uma peça do vestuário! É muito interessante!

– E a comida, já deu para sentir falta do nosso feijão?

Aqui tem tudo, tem um supermercado brasileiro, dá para marcar uma feijoada, fazer churrasco com coraçãozinho e picanha, tem tudo mesmo! Já fiz pão de queijo e foi só sucesso entre meus amigos! Mas confesso que não como feijão há uns três meses (tenho medo de panela de pressão, mas não espalha hein!). Estou com uma vontade enorme de comer feijão tropeiro com torresmo, humm adoro! Então, fica a dica, viu mãe, meus irmãos Bella e Pedro, e para você também Carol para quando vierem me visitar: torresmo na mala, por favor 😉

luLuciana Sena é professora de francês e hoje faz Mestrado em Didática do Francês Língua Estrangeira em Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3

 

 

 

 

Gostaram? Então preparem-se: Foi dada a largada para a conexão mais bacana que você já viu!