Marca de camisetas com conteúdo social/sustentável conta com participação da comunidade quilombola dos Arturos

CCNome bem conhecido no mundo fashion, Camila Chiari está à frente de um projeto que reúne moda e trabalho social, suas duas grandes paixões. A marca True, que ela lança na terça-feira, 23 de agosto, com um café da manhã, às 10 horas, no restaurante Graciliano/Savassi, em parceria com a comunidade dos Arturos e com a UFMG, reúne esses atributos.

TR11A primeira coleção cápsula, batizada de Simplicidade do Luxo, tem como carro-chefe camisetas trabalhadas em malha com menor impacto ambiental e modelagens modernas. Bordados e tachas adornam as peças, mas o diferencial fica por conta das estampas criadas por Gabriel Lima.

TR6“São coroas, colares e pássaros, que simbolizam o conceito da True e a nossa definição de luxo e liberdade de ser sem ostentação. Para nós, a sofisticação está na nobreza de alma, é se preocupar com o mundo, com a natureza e com as pessoas. É você honrar e respeitar seus ancestrais e os descendentes daqueles que fizeram muito para a construção do nosso país”, explica Camila.

TR8
O nome escolhido, True – Real People, Real Fashion tem tudo a ver com o objetivo da marca: contar a verdade através das roupas, saindo do glamour do mundo da moda e mostrando a vida como ela é. “Vamos contar a história de quem faz e usa nossas roupas. Em nossas redes sociais, estamos fotografando pessoas e relatando a história delas, assim como vamos contar a história dos Arturos e dos quilombolas”, ela enfatiza.TR9Slow fashion Foi enveredando pelo movimento slow fashion, moda ética e sustentabilidade e por meio de muito estudo e pesquisas que Camila Chiari chegou à comunidade, localizada em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, com grande visibilidade nacional em razão de suas festas e religiosidades.

TR12“Fui fazer uma pesquisa por lá à procura de costureiras e encontrei com a Flávia, que é responsável pelo projeto de economia solidária da UFMG. Descobri que eles já estavam fazendo capacitação em costura no local, já tinham o espaço e máquinas disponíveis. Estava faltando a demanda”.

TR7O passo seguinte foi uma reunião com os líderes – uma vez que nos Arturos há uma hierarquia e nada acontece sem autorização dos mesmos – e com a equipe de costura. Daí nasceu a motivação e o sonho de um trabalho em parceria.

TR4De acordo com o projeto, as costureiras recebem um valor justo de mercado para a produção de cada peça. “Estamos acompanhando a capacitação e ajudando com o know how em moda. Nosso objetivo é capacitar o grupo de forma que a confecção seja capaz de gerar renda para elas e suas famílias”, relata Camila.

TR2O processo de comercialização começa no site dos Arturos e, na medida do crescimento, serão definidos novos canais. “Queremos sentir a aceitação do mercado. Nesse site, vamos divulgar a comunidade e tudo que acontece por lá, para que as pessoas possam conhecer a sua riqueza cultural. Os Arturos já foram reconhecidos como patrimônio cultural de Contagem”, conclui.

TR5  Arturos A comunidade é formada por 400 indivíduos descendentes de Camilo Silvério, que teria chegado a Minas Gerais como escravo no terceiro quartel do século 19.Na região de Esmeraldas, casou-se com Felisbina Rita Cândida. Filho do casal, Arthur Camilo Silvério, que nasceu em 1880 e foi beneficiado pela Lei do Ventre Livre, “pode ser considerado personalidade fundadora da Comunidade dos Arturos, legando-lhe, inclusive, o nome”. (Gomes & Pereira, 2000: 163).

TR2Sua vida foi marcada pela fé e trabalho. Ele sonhava garantir a unidade e sustentação da família. Para isto, fugiu da fazenda onde foi maltratado e açoitado após a morte do pai. Iniciou uma trajetória e trabalhos diversos em fazendas e cidades diferentes. Nesse percurso, em busca de uma vida livre de opressão, acumulou recursos para poder retornar e manter-se, enfim na terra – 6,5 hectares, na zona suburbana de Contagem – herdada do pai. Uma história incrível que se desdobra em moda e sustentabilidade.

RE13

As imagens das costureiras quilombolas são assinadas por Fernando Diniz. A True conta a história de pessoas em seus cotidianos repletos de desafios e superações, a história de quem faz e usa suas roupas. Os modelos são gente das mais diversas profissões e vários estilos de vida.

Ficha técnica
Weber Pádua: fotógrafo

Modelos
Renata Salgado: executiva
Anderson Noise : DJ

Juliana Saliba: produtora de Moda
Adriana Carneiro: relações públicas, que hoje se dedica 100% na criação de seus 2 filhos

Bia: estudante, quilombola, residente na comunidade dos Arturos. Está em busca de oportunidades como menor aprendiz e também como modelo.
Weber Pádua: fotógrafo
Carolina Lima: cantora, arquiteta e empresária, mãe de gêmeos