Férias escolares começando e tem dica de uma escapada para um final de semana especial!

caraca O destino sugerido é Serra do Caraça e Catas Altas, que ficam aos pés de um trecho da Serra do Espinhaço. O Caraça, eleito uma das sete maravilhas da Estrada Real, fica em uma belíssima área particular de preservação ambiental com ótimas trilhas para caminhadas e trekings guiados (guias previamente agendados através do site www.santuariodocaraca.com.br ).

Existem duas teses que tentam explicar o nome Caraça como é popularmente conhecido o Santuário. A mais aceita e conhecida é a de que o formato de um rosto humano na Serra do Espinhaço seria a explicação para o nome caraça. Existem os que defendem, entretanto, que o nome foi dado porque caraça também significa desfiladeiro no meio do qual se encontra o Santuário.

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É lá que se encontra a primeira igreja em estilo neogótico do Brasil. Se, no barroco, os altares das igrejas davam a impressão de que Deus, o todo Poderoso, vinha ao encontro dos fiéis, na igreja neogótica é o apelo ao racional o destaque. No estilo neogótico toda a construção é feita para que o fiel possa encontrar Deus e busca-lo a partir da sua inteligência e reflexão.

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As ruínas do antigo colégio e os museus também são muito interessantes de serem visitados e os próprios padres se encarregam de guiar os visitantes.

Os aspectos ecológicos e históricos já justificariam uma visita ao Santuário, mas recentemente o Caraça tem se destacado também na gastronomia. Após uma pesquisa minuciosa dos antigos livros de receitas trazidos pelos primeiros moradores, os padres têm resgatado a gastronomia antiga e no próprio santuário cultivam hortas orgânicas e fabricam seu próprio queijo que é simplesmente delicioso e pode ser levado para casa como lembrança dos sabores inesquecíveis lá experimentados. O hidromel (que alguns chamam de vinho de mel), a bebida mais antiga do mundo, também está sendo produzido pelos padres e vendido para os visitantes.

Dormir no Santuário é uma experiência à parte. Até hoje pode-se observar o padre chamando e alimentando o lobo guará. A paz e o silêncio do lugar o tornam especialmente interessante para desacelerar e realmente relaxar.

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Catas Altas é o município onde se encontra o Santuário. Na minha opinião, uma Tiradentes há 20 anos atrás, mas com mais atrações e ainda com um preço convidativo para se hospedar e fazer os passeios pela região.

Com uma vila histórica linda e super bem preservada, Catas Altas possui cachoeiras, belíssimas trilhas para se fazer a pé, a cavalo ou quadriciclo e o La Violla Brasserie, uma opção gastronômica sensacional, com pratos que utilizam os deliciosos produtos locais e com farta opção de cervejas artesanais. Isso tudo a apenas 130 km de BH.

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Para se chegar a essa região pode-se pegar o trem que diariamente parte da capital às 7 hrs da manhã e chega na estação de Barão de Cocais. De lá, taxi, uber ou um carro alugado é a sugestão e pode ser previamente combinado.

Mas a minha dica é pegar o carro e seguir pela BR 381, que apesar de perigosa, leva à Serra da Piedade (50 km de BH). Lá, além da vista maravilhosa a dica é tentar comprar o queijo do Frei Rosário. Único queijo curtido em caverna no Brasil, é uma iguaria e super disputado entre os foodies e amantes de queijos. Se não conseguirem levar um para casa, peçam para visitar a caverna para ver os queijos e entender como são curados e se informem sobre a próxima leva. Vale voltar somente para compra-lo.

Retorne à BR 381 e siga até o trevo de Barão de Cocais (80 km). A partir do trevo serão mais 10 km até a entrada de Cocais, outra parada antes do nosso destino final. Cocais é distrito de Barão de Cocais, uma vila com um centrinho histórico lindo, uma belíssima cachoeira e um sítio arqueológico com pinturas rupestres de mais de 6 mil anos atrás. Se informem sobre como chegar a essas atrações na Vila dos Corais, pousada charmosíssima que fica bem no centro da vila.

Voltando à BR 434, siga até o trevo que leva ao Caraça onde sugiro uma pernoite.

Passe o dia seguinte no parque e aproveite a suas atrações e gastronomia, mas não deixe de descer para uma noite em Catas Altas e um jantar no La Violla. Para aproveitar a noite em Catas Altas, no entanto, é preciso pernoitar na cidade, uma vez que, por questão de segurança, é proibida a entrada no Parque do Caraça após às 18 horas.

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Catas Altas é charmosíssima. Uma cidade histórica com cara de vila cercada pela Serra do Espinhaço. Foi fundada quando começou a exploração do ouro em Minas Gerais e sobreviveu até bem pouco tempo devido à mineração. O curioso é que, como as suas minas ficavam relativamente longe da cidade, ela é muito bem preservada. Pela manhã alugue um quadriciclo ou uma bike, vá às cachoeiras, ao bicame e às belas trilhas da região. Se precisar de um guia você consegue a preços bem camaradas.

Depois de aproveitar a cidade pegue novamente a estrada após o almoço em direção à Mariana. Passe por Morro Vermelho e se tiver curiosidade sobre produção de cachaça, entre em Santa Rita Durão e pergunte sobre a Marumbe Branca Pura. Você conhecerá uma incrível e super caprichada linha de produção montada para atender aos padrões de exigência para exportação. O proprietário, ex executivo bem sucedido e que largou a vida na cidade grande para produzir e vender a sua própria cachaça, irá pessoalmente acompanha-lo na visita.

Passe por Bento Gonçalves (não, não dá pra ver o local da tragédia que chocou o Brasil), Mariana, Ouro Preto e chegue novamente à BH.

Essa é a dica para um passeio de sexta à domingo, barato, delicioso e bem perto de Belo Horizonte…Bora?

 

carol viCarolina Vilela é advogada de formação e turismóloga de coração, apaixonada pelas terras mineiras, pela sua gastronomia e por sua rica história e natureza exuberante.