Conversar com homens a respeito de relacionamento é sempre um aprendizado. E o mais interessante é que eles tornam tudo muito prático e objetivo. Até o momento em que o calo que vai doer é o deles…Simples assim.
E o assunto em questão é a tal traição. Hoje, mais do que nunca, trair se tornou algo quase subjetivo. Temos tantas maneiras de nos relacionarmos, que o ato de trair em si acaba tendo outras conotações. Por exemplo: Ver pornografia é traição? E pagar/pegar uma mulher – ou um homem – para “aliviar a tensão” pode ser considerado relacionamento? Quanto tempo é necessário para uma ficada se tornar um compromisso? Ou será qua nada disso mais existe?
Já ouvi falar que beijar na boca é muito mais comprometedor do que uma transa que acontece pela simples atração. Concordo que um beijo pode guardar muito mais emoção do que o ato de cópula, que é quase um instinto. E essa premissa serve para os dois lados. Afinal, temos tantas ou mais necessidades sexuais do que os homens. Não é?
Mas tem uma coisa que me deixa curiosa: Temos apenas a necessidade sexual? Porque eu tenho tesão de várias outras maneiras. Tenho tesão em uma dança, em uma boa conversa, em estar com um homem cheiroso perto de mim, em um belo jantar. E tudo isso pode ser considerado quase um ato sexual, pois os prazeres são bem próximos. Isso é trair?
Vamos partir de uma premissa essencial: Ter atenção ao seu par. Na dança, ensaiamos passos que precisam estar sincronizados. Em um jantar, cheiros e gostos são compartilhados da mesma forma que boas experiências. O roçar de uma perna, o toque das mãos, tudo faz parte de um ritual que pode levar a algo mais. Rituais que podem ser considerados quase preliminares. E até levarem a uma traição. Ou não.
Além disso, como até mesmo já escrevi por aqui – leia Monogamia Alternada – estar com mais de uma pessoa e ter sentimentos diversos por elas só é considerado traição em algumas religiões e de algum tempo para cá. A natureza humana sempre aceitou e viu como normal as pessoas terem vários parceiros como uma forma mesmo de perpetuar a espécie. E com tantas formas de conhecer pessoas e com um mundo tão vasto, isso não deve ser considerado traição. Talvez uma mera indecisão.
De toda forma, uma coisa é certa. A pior traição é a falta de atenção.E isso não precisa necessariamente envolver sexo, muito menos amor. Quando nos colocamos para uma pessoa, nos arrumamos e dedicamos um tempo a ela, o mínimo que deve acontecer é uma retribuição. Se alguém se dispõe a estar com você, esteja por inteiro. Preste atenção nos detalhes, saiba ouvir, esqueça o jogo – ou não marque nada no dia de um jogo – ponha a TV para gravar o tal capítulo de Game of Thrones, deixe o celular no silencioso. Ou simplesmente se contente a ser mais um.
Tudo bem ter um relacionamento aberto. Mas seja aberto também na hora do compartilhar.Agora, sumir durante dias, não responder à mensagens ou se fazer de desentendido quando perguntado onde está, pode, sim, ser considerado muito mais do traição: é falta de caráter. É trair o gostar, o carinho, o sentimento que ainda une homens e mulheres. Você pode não amar. Mas tem obrigação de respeitar.